Esse texto não tem a pretensão de responder a pergunta do título, mas, talvez, discutirmos um pouco sobre isso. Então, fique à vontade para comentar e expor sua experiência com o assunto.
O que vou dizer aqui é algo que vai, na contramão do que, aparentemente, algumas pesquisas apontam. Isto porque eu não vejo a possibilidade de se aprender algo enquanto se dorme, mas NESTA postagem no Viva Bem do portal UOL
é relatado um experimento que teria acontecido na universidade de Berna
na Suíça, mas os autores da postagem esqueceram de colocar o link para o
estudo e assim ficamos só com a palavra deles. Foi relatado que
(...) para testar esta hipótese os pesquisadores fizeram os voluntários ouvirem duas palavras enquanto estavam na fase de sono profundo, a primeira em um idioma inventado e, em seguida, em sua língua nativa, o alemão. A palavra alemã para "chave" foi associada com o vocábulo "tofer", enquanto a palavra "elefante" foi associada à "guga"(...)
No final eles concluem que a pessoa conseguiu associar a palavra "chave" com "tofer" e "elefante" com "guga", apesar tê-las ouvido quando estavam dormindo profundamente."
Eles queriam mostrar que era possível aprender um idioma enquanto
dorme. Insisto que não há fonte na postagem que aponte para o artigo
publicado. Temos só a palavra de quem escreveu.
Há outros textos que falam sobre isso. Por exemplo, no
livro Aprendendo Dormindo da autora Vanessa Hersley (imagem a seguir)
esse assunto é discutido.
Segundo a autora
(...) Mesmo quando você esta dormindo, seu cérebro continua a trabalhar e e capaz de armazenar o conteúdo de aprendizagem quase indefinidamente. (...) O material de aprendizagem é salvo automaticamente em seu subconsciente, sem negligenciar sua necessidade de um sono saudável (...)
Na revista Super Interessante também há uma matéria que fala sobre isso e foi publicado há algum tempo atrás. Eles também relatam
(...) um estudo realizado pela Northwestern University acaba de provar que, sim, é possível aprender dormindo. Voluntários foram expostos a 50 imagens, mostradas em sequência numa tela. Cada imagem tinha um som associado: a foto de um gato era acompanhada por um miado, uma dinamite por uma explosão, e por aí vai. (...)
Essa matéria também padece do mesmo problema que a
primeira: fontes. O autor da postagem esqueceu de deixar o link para o
artigo científico do estudo. Voltando ao experimento que fizeram, no
final eles mudam a associação entre imagem e som e parece que um grupo
consegue fazer esta distinção logo depois de acordar. Não sabemos mais,
pois o artigo científico não foi apontado na matéria.
Minhas considerações
Você já dormiu com a TV ligada? Se o som da TV estiver
alto, aquilo não lhe incomoda? Neste cenário, se você conseguir dormir, o
que estiver ouvindo vai acabar entrando em seus sonhos, acredite. Já
passei por isso algumas vezes, mas e se me perguntar do que se tratava
aquela bagunça que estava nos sonhos? Se alguém desligasse a TV antes de
me acordar e me perguntasse logo depois que me acordasse o que eu
estava ouvindo eu ia dizer... "Sei lá... Era uma bagunça e não sei o que
era...". O interessante é que se acordo e veio o que estava passando na
TV eu até consigo entender um pouco a bagunça dos sonhos e ver que
aquilo ali influenciou o que estava sonhando.
Entretanto, se o som está baixo eu consigo dormir sem
problema, mas aí, não me lembro de nenhum som e isso me leva a formular
uma hipótese: os ossos do ouvido (hoje é chamado de orelha) interno, a
saber o martelo, bigorna e estribo devem ficar menos sensíveis ao som
quando estamos dormindo. Daí eu não me lembrar de nenhum som quando ele
está baixo, mas lembrar de um sonho meio que guiado pelo que está no
som, caso ele esteja alto. Se é verdade ou não, não sei.
É uma hipótese a partir de uma evidência anedótica
(aquela que é pessoal e que não necessariamente é replicável) ou talvez
nem tão anedótica assim, pois você pode fazer esse experimento com você
mesmo/a. Vamos levar em conta a estrutura do ouvido (hoje chamam de
orelha, mas assim como Plutão será sempre um planeta pra mim, as ditas
orelhas, pra mim são os ouvidos). ;-)
O som é uma onda mecânica
Estudamos, ainda lá no Ensino Médio, que a onda sonora é uma onda mecânica,
certo? A onda sonora tem a capacidade de vibrar partículas que estão
presentes nos gases que nos rodeiam e chegando em nossos ouvidos (as
orelhas: externa, média e interna) os ossículos mencionados acima vibram
e essas vibrações são transmitidas ao cérebro por meio de sinais
elétricos e nós compreendemos isso como som, que é o que nós ouvimos. Em
linhas gerais seria mais ou menos isso.
Sendo um pouco mais preciso
Som é a propagação de uma onda mecânica acústica (frente de compressão mecânica); é uma onda longitudinal que se propaga de forma concêntrica apenas em meios materiais (como sólidos, líquidos ou gasosos).
Se ao meu redor há algum som, mas essas vibrações
chegam nos ossículos do meu ouvido interno [tudo bem, o nome hoje é
orelha interna], o martelo, bigorna e estribo e estes não vibram para
que estas vibrações sejam transformadas em estímulos elétricos para que
sejam enviados ao cérebro, não há como a informação chegar ao cérebro.
Eu sinto que não ouço nada... Lembrando que estou falando de som baixo e
não um som muito alto. Penso em algo que se ouça com os fones de
ouvidos. É como uma tomada desligada: a corrente elétrica não é levada
até a lâmpada e ela não acende, não há luz. Se os ossículos não
vibrarem, a informação não é levada ao cérebro. Como poderia acontecer
algum aprendizado enquanto estou dormindo se meus ouvidos [orelhas, eu
sei] estão praticamente desligados?
Minha experiência, que pode não ser tão anedótica
É nesta linha de ouvir um som confortável pelos fones
de ouvidos que eu, sem querer, me deparei com esse experimento que em
primeira vista pensei que estivesse diante de uma evidência anedótica,
ou seja, algo que eu experimentei, mas que outra pessoa não teria como
experimentar do mesmo modo, ou seja, que é algo pessoal... Enfim, acabei
percebendo que esta experiência não é tão anedótica, isto é, qualquer
um pode fazer este pequeno experimento. A seguir eu relato o
acontecido...
Eu estava ouvindo um livro (hoje tem uma porção de
aplicativos que dá para assinar aplicativos/portais por preços pagáveis e
ter trolhocentos livros à disposição). Eu estava ouvindo o livro
na cama antes de dormir. Fones de ouvidos em minhas orelhas externas
(Viu só? Uma hora eu acostumo) e eu estava ouvindo o livro normalmente,
mas... Como você já deve saber o que aconteceu eu acabei dormindo
enquanto ouvia o livro.
No dia seguinte eu acordei e adivinha o que tinha
ocorrido: todo o livro tinha passado. Eu tinha acordado ainda com os
fones de ouvidos em minhas orelhas. Então pensei... Será que eu me
lembro de alguma coisa que passou depois que eu dormi? Seria possível eu
me lembrar de alguma passagem ou do desfecho do livro... Tentei puxar
pela memória memória e não encontrei nada... Não havia ficado nada do
livro em minha memória...
Depois de tomar café desci e após entrar no carro
coloquei o livro para tocar novamente, mas a partir de onde eu me
lembrava (de quando estava acordado). Pensei: vou ouvir e vamos ver se
tenho um déjà vu. Vai que eu estou ouvindo e eu tenho a sensação de já ter ouvido aquilo... Pois é, mas não houve sequer um déjà vu. Tudo o que eu ouvi foi inédito. Não me lembrei de nada. Pode acreditar.
Esta foi a minha experiência e, como vê, é possível que
você faça a mesma experiência. Diga-me se você se lembra de algo que
passou pelas suas orelhas [ainda acho esse nome estranho para os
ouvidos] enquanto estava dormindo.
A experiência pode ficar interessante
se repetirmos isso dia após dia (alguns dias pelo menos). A ideia é
colocar o livro para tocar mais ou menos no mesmo lugar quando já
estivesse sonolento/a e deixasse ele tocar a noite toda em suas orelhas e
tentasse lembrar no dia seguinte se você se lembra de alguma parte da
história do livro. Está vendo que não é algo tão anedótico? É possível
você refazer a minha experiência. Se fizer, volte aqui e me conte se
conseguiu aprender algo dormindo.
Outra hipótese a considerar
Há uma chance de eu estar errado quando eu digo que não
ocorre nenhum aprendizado enquanto durmo, pois há pessoas que dizem o
contrário, inclusive, pesquisadores, como fiz a referência no início
deste texto. Infelizmente não deixaram o link para acessarmos o estudo
que disseram ter feito o que me deixa um pouco com a pulga atrás da
orelha. Entretanto, vamos dar uma olhadela em outra hipótese.
Eu me lembrei de um livro que eu li que se chama O Poder do Hábito
cujo autor é Charles Duhigg (recomendo a todos que leiam este livro).
Nesta obra o autor conta várias histórias interessantes a respeito de
hábito (inclusive neste livro eu vi que o que o Google faz hoje de
mostrar propaganda direcionada já era feito décadas antes do Google
existir).
Uma das histórias dá para tentarmos fazer uma ligação
sobre o que falamos aqui. Ele conta a história de Eugene Pauly (E.P.)
que (
Depois de ser diagnosticado com uma doença chamada
encefalite viral, uma doença relativamente comum que causa
feridas,bolhas e infecções leves na pele, mas em casos raros, no
entanto, o vírus pode traçar um caminho até o cérebro, provocando lesões
catastróficas conforme devora as delicadas dobras de tecido onde nossos
pensamentos sonhos residem.
A doença fez com que Eugene não se lembrasse de nada
que ocorreu a alguns minutos do acontecido. Ele tinha lembranças de
coisas antigas, como por exemplo, o que fazia na escola quando era
pequeno, da época em que trabalhava, mas não se lembrava do que tinha
feito há alguns minutos atrás. Penso que já ouviu falar sobre algo do
tipo.
No livro o autor conta que depois de mudar com sua
esposa para uma casa nova, a pedido dos médicos, Eugene era sempre
levado para uma caminhada pela vizinhança. Observe que para ele era tudo
novo o tempo todo... Um dia ele desapareceu da casa e saiu por uma
porta que tinha ficado aberta. Tente se colocar na pele dele. Dez
minutos depois ele estaria em um local totalmente novo (na cabeça dele) e
não se lembraria de como chegou ali e nem como voltaria para casa, pois
ele não sabia onde era a sua casa. Sua esposa ficou apavorada e
procurou ele por toda a vizinhança, mas quanto voltou para casa chorando
muito por pensar o que poderia ter acontecido com Eugene, ela o
encontrou sentado no sofá da sala.
De algum modo, mesmo sem que ele tivesse memória
aquelas repetições dos passeios matinais fizeram com que ele, de alguma
forma inconsciente, soubesse onde teria que ir. No livro poderá ter mais
informações e outras histórias de perdas de memórias e pessoas passando
a dar conta de fazer coisas que elas não conseguiam explicar como
conseguiam fazer isso.
Considerações finais
Pode ser que ao dormir se tenha algo deste tipo, ou
seja, algo que não passa pela consciência, mas que se repetir bastante
aquilo fica gravado em seu cérebro. Esta é uma hipótese, mas eu continuo
achando que o fato de que o som ser uma onda mecânica e que ossículos
precisam ser 'vibrados' para que a informação que está no som chegue ao
cérebro é um argumento forte. Como a informação chegaria até o cérebro
para que ele, mesmo de forma inconsciente, memorizasse algo?
Eu não sei... Na verdade eu estou tentando ver se há
uma conexão com algo que não sei se existe. O que eu sei é que não
consegui lembrar de nada do que havia escutado do livro enquanto eu
dormia. Poderia estar gravado sem ter passado pela consciência? Penso
que não, pois não tive nenhum Déjà vu.
E você? Já teve alguma experiência envolvendo aprender
dormindo? Deixe nos comentários sua experiência. ;-).
Abração pro 6.
Luís Cláudio LA
Postar um comentário